Thursday, June 30, 2011

Gig Review: Hellogoodbye @ Alex's Bar (Long Beach, CA)


Caros amigos, inicio aqui o review de mais um show que fui conferir aqui na California. A bola da vez é Hellogoodbye, camaradas de Huntington Beach que fazem um bom e divertido pop em preguiçosa carreira.
Antes de falar no show em si, vale um breve contexto sobre a banda formada em 2001 pelo bem humorado hipster Forrest Kline e seu então colega de escola Jesse Kurvink.
Forrest Kline, cansado de justificar porque você deve comprar um iPad.
Depois de gravarem algumas faixas em casa e tocarem erraticamente na noite do sul da California, assinaram com o selo pop-punk Drive Thru Records (2003) e lançaram um EP homônimo um ano depois. O primeiro LP (“Zombies! Aliens! Vampires! Dinosaurs!”) só saiu em 2006 muito em função do grande foco em turnês. Nesse interim, a banda perdeu alguns membros que provavelmente precisavam garantir algumas contas pagas em casa e o casamento com a Drive Thru azedou. Em 2010, já com seu próprio selo, Kline e sua reformada trupe lançaram “Would It Kill You”.
Pois bem, essa é a banda que decidi ver numa noite de sábado em Long Beach, no pitoresco Alex’s Bar:
Alex's Bar, Long Beach
Mas não antes de curtir uma maratona de artistas novos. Acabou me lembrando dos primeiros shows que fiz com minha última banda...noites em que o Outs da Rua Augusta fechava com 5 ou 6 bandas na mesma noite para garantir casa cheia, em verdadeiras maratonas de uma massa sonora disforme e que iam madrugada adentro. Enfim, avaliar bandas desconhecidas é um exercício bacana, sem viés, então vale o investimento aqui. Força, pessoal - PS: clicando no nome de cada banda você vai ao Myspace dela.
Tem rótulos musicais que me divertem. Um deles é “math rock”, que é uma vertente de rock experimental com ritmos e tempos mais quebrados, pra mim coisa de músico cabeçudo (sem crítica aqui). Enfim, é o que fazia essa primeira banda. Linhas de bateria complexas que até certo ponto justificaram a brilhante (rá) idéia de iluminar as peças da bateria por dentro:
Batera Indiglo by Timex
Outros dois pontos me chamaram a atenção no som dos caras. O primeiro foi a semelhança com o excelente disco “Come Pick Me Up”, do Superchunk, em particular “Hello Hawk”:
Superchunk - "Hello Hawk"
Outro ponto interessante foi o uso inteligente do “bumbo reto” nas linhas de bateria, cuja banalização é um dos meus grandes “poréns” em relação ao que se chama de indie rock hoje em dia. A fórmula do bumbo-chimbau dance-disco é um truque tão manjado de “tira o pé do chão” que, por melhor que a música possa ser, me desanima demais. Tem cheiro de preguiça.
Gostei menos, falarei menos – senão o review fica infinito. Dupla garoto-garota com o cara num violão distorcido (para isso existem as semi-acústicas, meu caro) e voz e a menina no baixo, basicamente “looking good up there”. No começo as músicas pareceram boas e fiquei curioso para ouvi-las com uma banda de apoio, até que a coisa toda começou a ficar “confessional” demais e nosso bravo vocalista se transformou num chorão me amolando com seus traumas. Sorry, não é minha pegada. Sim, você tinha que acordar cedo e tirar a neve da entrada da garagem com uma pá, foda-se. O Calvin também tinha. Era só cheirar éter e ver tigre voar.
- Banda 3: saí pra comer um hambúrguer vagabundo com uns mexicanos.
Caceta, aí eu acordei! Não agüentava mais esperar a atração principal, então a surpresa foi muito bem vinda. Power trio de rock n roll com um vocarisma (Travis Shettel, ou “TS”) sensacional, excelente em presença de palco e inteligentíssimo nas linhas de guitarra. Ao final do show, falei com o cara buscando o disco (única banda sem vender merch no show) e soube que só há um EP disponível no iTunes por enquanto. Já baixei e não faz justiça ao show, pois faltam músicas ótimas que eles tocaram no Alex’s Bar, mas vale conferir de perto o que os caras vão aprontar.
E enfim.....Hellogoodbye!
O bar era pequeno e a essa altura tínhamos apenas “amigos e outras bandas” (segundo Kline) assistindo ao quinteto de HB. De acordo com o vocalista (que tem um pé no stand-up), “se você não tocou aqui hoje, considere-se um amigo...você só não sabe que é ainda”. E nesse clima familiar que mais uma vez me lembrou dos shows que eu fazia, curti muito de perto um set improvisado na hora e recheado de interações engraçadas entre a banda e seus embriagados amigos californianos. Quem sofreu com tanta informalidade foi o guitarrista Michael Nielsen, que tinha que alternar ukelele, mandolim e sua Gretsch numa velocidade inconveniente.
Como não poderia deixar de ser, a banda tocou músicas de seus dois LPs com um som bastante redondo apesar do clima relaxado da ocasião, a única nota negativa ficando por conta do vocal de Forrest Kline que não conseguiu reproduzir o tom doce que se ouve nos discos. O último disco, mais enxuto nos arranjos, acabou favorecendo a performance ao vivo, enquanto que comparativamente as músicas do álbum de estréia perderam um pouco do brilho.
Apesar da qualidade medíocre que um celular pode permitir e o som ter estourado completamente no mic, segue abaixo um trecho do show.
“When We First Met”

Apesar da maratona, cabou sendo uma ótima noite musical naquele canto de Long Beach!
Até o próximo post.


No comments:

Post a Comment