Saturday, October 8, 2011

DVD Review: Heart of Gold, Neil Young (2006)

Olá jovens!
Não, o blog não morreu, só deu uma viajada por aí e voltou para a realidade muito recentemente. Esse post é um protesto ao vizinho animal que passou a tarde toda ouvindo eletrônico de péssima qualidade em volume altruísta. Meu protesto é ligar o noise cancelling e escrever sobre música DE VERDADE.
O texto de hoje é para recomendar um DVD que tem lugar de destaque em minha coleção: “Heart of Gold”, show de Neil Young no mítico Ryman Auditorium, tempo da country music em Nashville. Na verdade, o apelido mais acurado é “The Mother Church of Country Music”, dado que a casa aberta em 1892 teve seus primeiros dias embalados por música gospel.


Entre 1943 e 1974, o Ryman abrigou o Grand Ole Opry, show semanal de música country e comédia que existe desde 1925, sendo transmitido via rádio e gravado na frente do público. Este estandarte da música e cultura americanas já teve a participação de ícones do gênero como Hank Williams, Patsy Cline, Dolly Parton e o quatrocentas-vezes-platina Garth Brooks - toda essa história naturalmente contagia o Ryman Auditorium e o abençoa com um ar quase sagrado. 
The Ryman Auditorium, Nashville, TN
Por conta disso, o local do concerto passa a ser um personagem importante no filme, notadamente na canção “This Old Guitar”: a humilde música, que traz versos como “this old guitar ain’t mine to keep, it’s mine to play for a while”, fala provavelmente sobre o violão Martin ano 1951 adquirido por Neil Young e que é utilizado durante a maior parte do show. Segundos antes de iniciar a música, Young lembra que aquele mesmo instrumento esteve no Ryman há mais de 50 anos no ombro de Hank Williams, e olha para cima em clara homenagem à primeira grande estrela do country.
The Mother Church of Country Music: até os bancos do Ryman remetem a uma igreja
Este não é o único momento sagrado da noite. Aos 65 anos de idade, o cantor e compositor canadense cria uma intimista celebração da prolífica carreira que começou a construir em 1960. Apesar de não estar vivendo seus últimos dias, Young ocupa o palco com amigos músicos de longa data (incluindo Emmylou Harris) e sua esposa Pegi, e o resultado é uma reunião com personagens tão singulares e afetuosos que a coisa toda soa como uma bonita homenagem post-mortem. É emocionante, profundo, “carinhoso” – e o melhor de tudo, o homenageado ainda está (bem) vivo.
No show, Young desfila seus clássicos como “Old Man”, “Heart of Gold” e “Harvest Moon” com precisão e classe, constituindo um registro de altíssima qualidade de alguns dos momentos mais especiais do trabalho que influenciou importantes artistas como Vedder e Cobain (que inclusive citou um verso de Young em seu bilhete de suicídio).
Camisa Xadrez de Flanela: qualquer semelhança com o estilo grunge é meia coincidência

O DVD ainda traz um segundo disco com atrações especiais como mini-documentários na companhia de Neil Young e dos músicos que o acompanham no show. Há inclusive a aparição de Young (em 1971) no Johnny Cash Show, cantando “The Needle And The Damage Done” na ressaca das mortes de Joplin, Hendrix e Morrison. Mas o meu favorito é o breve clipe em que o técnico de guitarras de Young abre o baú e mostra alguns dos instrumentos mais emblemáticos do cantor, como a Les Paul 1953 com vibrato Bigsby da foto acima.
Apesar de cultuado, Neil Young tem voz, intensidade, coragem e integridade que dividem opiniões de forma cristalina. Quando se trata dele, há apenas 3 grupos de pessoas - os que amam, os que odeiam e os que nunca ouviram. Se você pertence ao primeiro ou último grupos, esse DVD é uma peça importante, ou para reforçar a devoção ou para dar uma excelente oportunidade para julgamento consciente e consistente.

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